A possibilidade de queda de neve na próxima semana adiantou a chegada dos turistas na Serra catarinense. Geralmente, eles começam a lotar os hotéis da região a partir de junho. Há indicativo que possa ocorrer neve a partir do final da tarde de terça-feira (17) até a madrugada de quinta (19), afirmou a Epagri/Ciram, órgão que monitora as condições meteorológicas do estado.
A previsão é que o fenômeno ocorra nos pontos mais altos da Serra e do Oeste catarinenses. Um ciclone extratropical que está entre o litoral do Uruguai e Rio Grande do Sul deve provocar elevada umidade na região. Isso associado às temperaturas baixas, entre -3°C e 3°C, favorece as condições para a neve, segundo a Epagri/Ciram.
Em São Joaquim, na Serra catarinense, 95% dos cerca de mil leitos oficiais de hotéis e pousadas na cidade tinham previsão de estarem ocupados no fim de semana deste domingo (15). O turismólogo Marcelo Di Jura, da prefeitura, disse que esse número costuma ficar em 80% nesta época do ano.
“Com essa frente fria mais forte agora, deu essa alavancada também”, afirmou. A previsão da Defesa Civil é que uma massa de ar frio com origem polar cause a queda nas temperaturas a partir desta segunda (16). As baixas temperaturas devem continuar até o próximo domingo (22).
Na mesma região, em Urubici também já há alta procura pelos hotéis para a próxima semana, em especial de turistas catarinenses, mas também de São Paulo e do Paraná.
“A gente tem uma expectativa de mais de 80% de ocupação nos nossos meios de hospedagens. Isso sendo modesta” disse a secretária do Turismo da cidade, Marinês Walkowski.
A maior cidade da Serra é Lages, que também registra episódios de neve. No município, a média de ocupação da rede hoteleira deve ser de 80% na região central e de até 100% na zona rural, segundo a prefeitura.
Última hora
Apesar dos números altos, quem trabalha com hotelaria na região acredita que o total de turistas será ainda maior, já que muitos chegam de última hora. Muitos vão para a Serra sem necessariamente um plano de onde dormir na cidade, de acordo com a diretora regional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Santa Catarina (Abih-SC), Mariléia Folster, que também é dona de uma pousada em Urubici.
“A pessoa que nunca viu a neve e estará trabalhando naqueles dias, e não tem tempo disponível para se hospedar, vai pegar o carro e subir a Serra para ver a neve e já volta”, afirmou a diretora.
O turismólogo da prefeitura de São Joaquim alertou, porém, que os motoristas precisam ter cuidado ao vir sem muito planejamento. Muitas vezes, trechos de rodovias ficam interditados por causa de gelo na pista.
“A gente recomenda que o turista venha bem agasalhado e, às vezes, até evite de vir se não tiver uma hospedagem. Porque tem muito turista que vem sem o mínimo de precaução e não sabe a realidade do que é, por exemplo, precisar enfrentar um frio de -10ºC dentro de um carro”, afirmou.
Esse perfil de visitante costuma envolver catarinenses que moram mais próximos à Serra, e têm se tornado frequentadores mais assíduos da região nos últimos anos.
“Durante a pandemia, o pessoal descobriu a Serra Catarinense, principalmente o turista doméstico. Em vez de ir para mais longe, decidiu vir para a região serrana”, disse o secretário de Turismo de Urupema, Antenor Arruda.
A cidade chega ter o fluxo de pessoas dobrado ao menos nos feriados e aos finais de semana das temporadas de inverno. Nesta janela de neve da próxima semana, entretanto, esse volume pode não se repetir a tal ponto, já que ela irá cair em dias úteis.
Cuidados na estrada
Para os motoristas que planejam dirigir até a Serra, é preciso atenção às condições das estradas. A Serra do Corvo Branco, que chega a Urubici, está totalmente interditada e sem previsão de reabertura por conta dos estragos causados pela chuva há duas semanas.
Os condutores podem optar pela BR-282 a partir da Grande Florianópolis ou mais ao Sul, pela Serra do Rio do Rastro, que, ao menos neste fim de semana, terá períodos de interdição devido a uma maratona que ocupará as 284 curvas da estrada até Bom Jardim da Serra. (G1)
