Na fase final do julgamento de Claudia Tavares, acusada de matar o marido Valdemir Hoeckler em novembro de 2022 e esconder o corpo em um freezer, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) reforçou o pedido de condenação. Durante a réplica da acusação, o promotor de justiça Diego Bertoldi afirmou que o caso ganhou repercussão nacional, sendo chamado até de “instagramável”, mas destacou que, por trás da atenção pública, há um crime marcado por frieza e crueldade.
“Ela é mais fria que esse freezer”, disse Bertoldi, referindo-se ao eletrodoméstico usado para ocultar o corpo da vítima. O promotor ainda falou que “ela [Claudia] não é vítima, é a criminosa”.
Segundo a acusação, Claudia dopou Valdemir antes de sufocá-lo com uma sacola, impedindo que ele tivesse chance de defesa.
“Ela quer duas coisas: matar a vítima, que ela conseguiu, e a impunidade, que ela não vai conseguir. Não vai!”, afirmou o promotor.
Contradições e laudos periciais
Bertoldi destacou que Claudia apresentou diferentes versões ao longo do processo. Em 2019, ela chegou a pedir a retirada de uma medida protetiva e, em depoimento, disse que nunca havia sido agredida pelo marido. Mais tarde, mudou a versão e afirmou que as marcas em seus braços teriam sido resultado de socos e chutes desferidos por Valdemir.
O Ministério Público, porém, apresentou laudo pericial apontando que as lesões eram marcas de defesa da vítima durante a asfixia. “Nós estamos aqui para saber quem fala a verdade”, disse Bertoldi, ressaltando que os depoimentos de testemunhas são consistentes em apontar as contradições de Claudia.
Acusação da família
O assistente de acusação, advogado contratado pela família de Valdemir, Álvaro Xavier, também destacou que Claudia optou pelo homicídio em vez de buscar alternativas legais. Ele citou o depoimento de Marcilene, amiga da acusada e vítima de violência doméstica, que relatou ter escolhido a separação e a medida protetiva para se afastar do agressor.
“Marcilene fez o certo. Claudia optou pelo homicídio”, afirmou Xavier, acrescentando que o uso do medicamento foi uma forma de facilitar o crime. “Ele lutou pela sua vida”, disse o advogado ao descrever a asfixia como um meio cruel, agravado pelo fato de a vítima estar dopada.
“Fria e calculista”
Outro representante do MPSC, o promotor Rafael Baltazar Gomes dos Santos, reforçou as acusações e criticou a estratégia da defesa, que chegou a ofender a memória de Valdemir.
“A vítima não está aqui para se defender. Pensem quem está aqui hoje e quem está no cemitério”, disse, ao pedir desculpas à família por ataques feitos durante os argumentos da defesa.
O promotor também citou frases das testemunhas de acusação, que descreveram Claudia como “fria, calculista, dissimulada e não confiável”, finalizando com uma frase dita por Manoel Alberto Silva, também testemunha: “uma pessoa com sério desvio de conduta.”