A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira, dia 18, em Brasília, uma operação para cumprir dois mandados de busca e apreensão contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de medidas cautelares diversas da prisão, em cumprimento a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
O STF também ordenou que o ex-presidente permaneça em casa entre 19h e 7h e não se comunique com diplomatas e outros réus do inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado. Ele também foi proibido de se comunicar com embaixadores estrangeiros e não se aproximar de embaixadas.
Os mandados estão sendo cumpridos na casa do ex-presidente, em Brasília, e em endereços ligados ao Partido Liberal (PL). A Polícia Federal informou ao STF que encontrou aproximadamente US$ 10 mil na casa de Bolsonaro (PL). A defesa disse que o celular dele também foi apreendido.
“Estou pedindo ao STF acesso integral à decisão sobre as medidas judicias de hoje. Ele [Bolsonaro] só irá se manifestar depois disso”, disse o advogado Celso Vilardi, que representa o ex-presidente.
Uma nota oficial da defesa de Bolsonaro foi divulgada logo após a operação:
“A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário. A defesa irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial”.
Ataque à soberania nacional
Segundo investigadores envolvidos na operação, Bolsonaro é alvo por financiar uma ação destinada a atacar a soberania nacional e interferir na independência dos poderes, com efeitos concretos a partir do tarifaço determinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil.
Um investigador ouvido pelo jornalista político Valdo Cruz disse que Bolsonaro admitiu publicamente que financiou, com R$ 2 milhões, a operação que o filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), está fazendo nos Estados Unidos para adotar medidas contra o Brasil e ministros do Supremo Tribunal Federal.
O mesmo investigador disse que as medidas restritivas de contato com embaixadores e visitas a embaixadas são preventivas, para evitar uma “eventual fuga” do ex-presidente da República. “Ele já deu sinais de que pode recorrer a uma embaixada para fugir do país”, acrescentou a fonte ouvida pelo jornalista.
“Bolsonaro foi parte central de tudo o que está acontecendo, algo que teve efeito concreto contra o país, numa clara interferência na independência dos poderes e na soberania do país”, completou o investigador.