A advogada de defesa de Claudia Tavares, Gabriela Bemfica, iniciou o debate a favor de Claudia falando sobre o relacionamento conturbado que segundo os depoimentos, a ré passava quando convivia com Valdemir Hoeckler, de 52 anos, morto e colocado dentro de um freezer em novembro de 2022.
“Para uma mãe, ameaça a uma filha é grave sim”, destacou a advogada, que citou o fato de a vítima sempre ameaçar de morte a filha comum do casal, Gabriela Tavares Hoeckler.
“Se ela não tivesse agido naquele momento, ela estaria sendo velada”, finalizou Gabriela.
Motivação e dados de feminicídio
Na continuação, Matheus Molin, também advogado de Claudia, relatou que todas as provas a favor da ré serão mostradas. “A motivação é aquela que desde o começo nós trazemos”, cita Matheus, se referindo ao período que a mulher teria sofrido violência física, psicológica, sexual e patrimonial.
O advogado também citou os números de feminicídio em Santa Catarina. “Esse número vai cada vez aumentar”, destacou, mostrando matérias com os últimos crimes contra a mulher que ocorreram em agosto.
Prints de mensagens em 2019 mostram que Claudia entrou em contato com as amigas contando sobre as ameaças sofridas. “A Claudia vivia com medo. Ela não podia dar um passo à esquerda se ele quisesse que ela fosse para a direita”, disse Matheus mostrando capturas de conversas no telão do plenário.
Uma das mensagens enviadas para a filha de Claudia dizia: “Não julgo ela porque sei que ela sofreu muito tempo e deve ter chegado ao limite”.
Matheus também exibiu um depoimento de Patrick Hoeckler, filho de Valdemir com a ex-companheira, contando sobre um episódio de violência que ele presenciou entre os pais quando eram casados.
“Um conservador que tinha duas mulheres e batia nas duas!”, destacou o advogado, já bastante exaltado.
Os ânimos se exaltaram no plenário e a acusação iniciou uma discussão. Com isso, a ré também se manifestou e gritou: “Eu não menti! Você não me conhecia.” “De fato para os outros, ele [Valdemir] deveria ser uma pessoa boa”, falou o advogado.
Depois disso, a defesa mostrou laudos de acompanhamento psicológico de Gabriela, emitidos pelo município de Lacerdópolis, que citam a falta da mãe e as brigas constantes com o pai. “Que pai bom é esse?”, analisou Molin.
A distância da casa entre a cidade e os vizinhos também foi comentada pelo advogado. Em seguida, a morte do pai de Valdemir também foi destacada, já que segundo Molin, o sogro era um dos únicos que defendia a nora.
“Ela precisava a todo tempo comprovar o que estava fazendo”, disse Matheus, sobre o fato de que Claudia precisava mandar mensagens, áudios e fazer chamadas de vídeo para mostrar onde e com quem estava.
O advogado também relatou um episódio em que, mesmo mostrando onde e com quem estava, Valdemir foi até o estabelecimento “conferir” se era verdade.
Já finalizando a fala, Matheus Molin disse aos jurados que toda a sentença que pode ser definida, ré já pagou nos anos em que conviveu com Valdemir.
Legítima defesa
O também advogado de Claudia, Jader Marques, disse que vai apresentar teses e mostrar o caminho da verdade. “Quem diz a verdade aqui é a soma dos votos de vossas excelências”, destacou, falando com os jurados.
Claudia teria agido em “legítima defesa” após uma série de injustas agressões, segundo Marques, que citou que se fosse com a irmã dele, faria pior do que a ré.
“Legítima defesa sim, porque sedou para não ser estuprada”, frisou o advogado. “Podia ter matado com uma facada, um tiro […] de qualquer forma, mas não, ela o fez dormir, o fez perder o sentido”, explanou Jader, bastante alvoroçado com toda a situação.
Encaminhando para o fim da fala, o advogado frisou a função dos jurados e o modo como acontece a votação para condenação ou absolvição da ré. “Presa ela já tá há 20 anos […] Absolvida ela vai viver”, finalizou.
Fonte: Oeste Mais