Os detalhes do assassinato de Valdemir Hoeckler, morto em novembro de 2022 pela esposa Claudia Tavares, voltaram a ser explanados nesta sexta-feira, dia 29, durante a sessão do Tribunal do Júri em Capinzal. O promotor de justiça Rafael Baltazar Gomes dos Santos, representante do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), apresentou provas e argumentos que reforçam a acusação contra a ré, pedindo a condenação por um crime que classificou como “bárbaro”.
Entre os pontos destacados pelo promotor está a manipulação do freezer onde o corpo da vítima foi encontrado. Segundo ele, os parafusos da divisória superior do eletrodoméstico estavam soltos, indicando que a parte interna foi removida para que o corpo coubesse por inteiro. O freezer, exposto no plenário, foi exibido aos jurados junto de cordas e um pano vermelho usados no crime.
O Ministério Público também apresentou imagens fortes do corpo de Valdemir, demonstrando a brutalidade do crime. Conforme a acusação, Claudia teria dopado o marido com zolpidem, medicamento para induzir o sono, além de metformina, usado para tratar diabetes. Enquanto os remédios faziam efeito, ela teria preparado cordas e outros itens, sufocado o marido e, em seguida, arrastado o corpo até o freezer, onde permaneceu por quatro dias, enquanto estava sendo dado como desaparecido.
Outro ponto reforçado pelo promotor foi a tentativa de Claudia de criar álibis para despistar a polícia. Após o assassinato, ela teria enviado áudios ao celular do marido já morto e viajado para Abdon Batista com colegas de trabalho. Além disso, o Ministério Público revelou que a ré buscou informações se a vítima possuía seguro de vida e chegou a tentar solicitar pensão por viuvez.
Durante a argumentação, Rafael também citou os depoimentos colhidos ao longo da investigação. Familiares de Valdemir relataram nunca terem presenciado agressões dele contra Claudia. Já uma das amigas da acusada apresentou contradições entre o que disse na época das investigações e o que declarou no júri. O promotor reconheceu que houve um registro de ameaça cometido por Valdemir, mas reforçou que não há indícios de violência doméstica.
“Começou a vender uma história de que ela era vítima de violência doméstica”, afirmou.
O Ministério Público ainda questionou o laudo psiquiátrico da defesa, assinado pelo médico Hewdy Lobo Ribeiro, conhecido por atuar em casos de grande repercussão, como o ataque à creche em Saudades e o caso Flordelis. O documento aponta que Claudia sofria de “síndrome da mulher espancada”, conclusão que o promotor contestou com base nos depoimentos e nas provas reunidas.
Em sua fala final, Rafael frisou o impacto do crime em Lacerdópolis, município do Meio-Oeste catarinense com pouco mais de 2,1 mil habitantes, onde há mais de três décadas não se registrava um homicídio.
“Essa mulher praticou um ato bárbaro”, disse, destacando que Valdemir “não está mais presente para se defender”.
O promotor encerrou a acusação pedindo que os jurados considerem a gravidade do crime.
“Quero sair daqui com a sensação de que a justiça foi feita”.
Fonte: Oeste Mais